
Lembro-me de um dia desses ter visto um cão sarnento rasgando um lixo para assaciar a sua primeira necessidade básica: A fome, diferentemente da vontade de comer.
A vida que procura vida em meio ao lixo.
A vida que sofre com as dores provenientes de alimentos estragados.O frio que o atinge, que o aflinge, o abandono.
Na verdade a única coisa que deseja é não sentir mais dor.
E é naquele local onde os vendedores cortam a carne do boi para a venda que está o seu abrigo na noite.
E sozinho mais uma vez ele dorme na esperança de um novo lixo.

Quer saber o que ele tem de melhor? É justamente não saber que é homem.
Quantos são os homens que agüentariam a solidão, a fome, a sede, o frio, o abandono, o descaso, a doença e a agonia?
E se racionalizarmos, quantas são as pessoas que vivem nestas condições?
O cão não sabe o que a ele acontece.
As pessoas sim.
Ai é quando surgem nos homens os sentimentos mais frágeis:
A angústia, a tristeza, a depressão, a vontade de não viver, a vontade de não querer, o desânimo, o tédio.

Consequentemente chega:
A ansiedade generalizada, as síndromes e os transtornos.
Ai é quando você procura um remédio que te traga alegria, felicidade.
Uns bebem para esquecer-se da realidade.
Bebem até cair, talvez seja pra aliviar a dor, tornando-se cãos.
Outros caem do abismo.
E a maioria entra num sem fim.
Sim é verdade, os altos e baixos da vida sempre estarão em nossas estradas.
E o que iremos fazer?
Nós não somos culpados dos baixos, porque são inevitáveis.
A morte de um parente, o final de um relacionamento, a falta de oportunidade, o não reconhecimento, a falta de humanidade, de honestidade.
E muito menos culpados de procurar um melhor caminho, de procura um momento feliz, ou seja, de ir em busca da felicidade.
A esperança em dias melhores faz parte de um sentido de vida.
Uma vez um sábio homem disse:
“vivereis homens todo o teu presente possível e permitirás que apenas o futuro se preocupe com ele”(...)
Antônio Henrique